Quem aí não está sabendo do que está acontecendo no BBB 21? Vamos combinar: é quase impossível não saber dos acontecimentos do programa. Seja nas redes sociais, seja nas rodas de conversa, esse é um dos projetos da televisão brasileira que mais movimenta os meios de comunicação.
Mas essa conversa não surgiu do nada. Afinal, a 21ª edição da casa mais vigiada do Brasil trouxe novos pensamentos e informações para os brasileiros e, principalmente, para quem trabalha com o marketing.
Por um segundo, deixe seu preconceito de lado e comece a analisar as coisas de uma forma prática. Quem julga um programa de entretenimento e não capta informações, não tem noção nenhuma das estratégias que podem ser aplicadas, muito menos a quantidade de engajamento que recebe e dinheiro envolvido.
Ou seja, goste ou não, precisamos entender o quão grande é a influência do Big Brother.
Em 2020, por exemplo, tivemos uma repercussão 30x maior que o Super Bowl, e em janeiro de 2021, já alcançamos mais de 130 milhões de telespectadores. (Resultados Digitais)
Quanto dinheiro roda dentro do BBB 21?
O BBB 21, de arrancada, já saiu com recorde de patrocinadores com valores que chegam a 530 milhões de reais, inclui-se nisso os patrocinadores fixos como Americanas, Amstel, Avon, C&A, McDonald’s, P&G, PicPay e Seara.
Ou seja, se for parar para pensar, só o valor recebido com o patrocínio já paga 500x o valor do prêmio final.
É claro que vamos falar das principais cotas, porém, muitas outras empresas devem aparecer durante o programa, como Above, Organnact, Coca-Cola e outros merchandisings.
Em sua vigésima edição, (BBB 20) o reality da Globo atraiu 24 marcas e conquistou até certificado do Guinness World Records de maior quantidade de votos (Meio&Mensagem).
Quem trabalha com mídia pira neste momento, ao pensar que as cotas publicitárias podem chegar a R$78 milhões na tabela.
Por que o BBB 21 está alcançando tantas pessoas?
Um dos principais motivos para o sucesso do Big Brother em 2020 e 2021 alcançarem um público tão grande se deve por diversos aspectos. Mas é óbvio que estar presente em uma das maiores pandemias – o coronavírus – colaborou para que esse engajamento aumentasse.
Afinal, com o lockdown, o home office e o desemprego em crescente aumento, as pessoas obrigaram-se a ficar dentro de casa.
Com isso, a ansiedade e o medo tomaram conta de todas as vidas, junto com o excesso de informação e trabalho (ou a falta de um).
Sendo assim, o BBB se torna uma fonte de entretenimento que desvia a atenção. Ou seja, praticamente ninguém gosta de assistir o programa por causa de um conceito intelectual, que existe, aliás (o BBB baseia-se no livro 1984, de George Orwell), mas sim pela diversão.
Esse aumento se mostra ainda mais claro com os acessos dentro das redes sociais e o constante compartilhamento.
Seja no Facebook, no Instagram, Twitter ou seja no LinkedIn, é um tema geral e diário. O BBB traz, de certa forma, aquele antigo conceito “falem bem ou falem mal, mas falem de mim”.
E ai? Você se rende a essa discussão?
O medo do “cancelamento”
Também não podemos deixar de notar a estratégia diferenciada do BBB 21 para alcançar esse público. Por exemplo, a presença de influenciadores conhecidos dentro do programa, que pode ser um ponto positivo ou negativo para o artista.
“As redes sociais são binárias. Os próprios símbolos dados para curtir, descurtir tendem a ser binários, ou isto ou aquilo. E a vida, às vezes, é isto e aquilo ao mesmo tempo. Então fica mais um espírito de manada ‘vamos cancelar essa pessoa porque ela falou algo que eu não gostei’. A gente tende a confirmar aquilo que a gente já acha, existe essa carência nas redes sociais.” (G1)
Pessoas conhecidas tem um medo duplicado do famoso “cancelamento”, mais conhecido como boicote (seja on ou offline). Conseguimos ver essa clareza dentro da casa em cada participante. Alguns dos exemplos mais práticos que temos são:
• Primeiramente, a influencer e youtuber Viih Tube, que já entrou no programa cancelada por um acontecimento em 2016, no qual ela cuspiu na boca do seu gato;
• Em segundo, o cantor e ator Fiuk. Ele fez aulas sobre feminismo e outras lutas sociais, mas dentro do programa se tornou uma pessoa robótica e repetitiva, com frases prontas;
• Também temos o cantor e comediante Nego Di, que representou o público de certa forma errada e preconceituosa;
• E por fim, temos a rapper Karol Conká. Ela perdeu mais de 300 mil seguidores durante o programa e muitos projetos por sua irresponsabilidade social e preconceito com outras pessoas da casa, bem como a pressão psicológica que fazia.
Resultados nas votações
O cancelamento se mostrou ainda mais claro nos números de rejeição dos paredões. Mundialmente, conseguimos alcançar as maiores porcentagens de votação para saída dos participantes, a rapper Karol Conká sendo a mais votada da história, com mais de 99,17% dos votos.
Nesta mesma edição, Nego Di também teve sua marcação com mais de 98,76% dos votos a favor da sua saída, antes da rapper, em um paredão triplo.
Nunca na história do BBB, havia sido alcançado uma porcentagem tão alta de rejeição.
Então, o que isso mostra?
Todos, de alguma forma, sofreram com a cultura do cancelamento. As discussões levantadas dentro do programa trouxeram a tona novas oportunidades de mudança.
Mas por que o cancelamento ocorreu? Principalmente, por conta da visão que o público tinha de tais influenciadores fora da casa, que mudou com a convivência diária.
É necessário entender que essa cultura pode colaborar na luta contra o preconceito e até mostrar crimes que os participantes cometeram, bem como pode dificultar a inclusão do profissional no mercado novamente.
Então, precisamos nos perguntar se não estamos nos tornando opressores como os próprios influenciadores. Precisamos de espaço para mostrar os erros, cobrar mudanças e ensinar diferentes maneiras de lidar com a situação. Todos precisam estar dispostos a mudar.
O fenômeno Juliette
Por fim, mas não menos importante, temos a favorita da edição: Juliette Freire.
A advogada nordestina, junto a uma equipe com mais de 16 pessoas trabalhando diariamente para o posicionamento da marca pessoal, já conseguiu um dos melhores resultados das últimas edições.
Tornando-se a 5ª pessoa mais seguida de todos os realitys, ela já conta com mais de 17 milhões de seguidores no Instagram, ainda dentro do programa, e outros números assustadores, disponibilizados por Huayana Tejo, head de marketing do time:
• Além da quantidade imensa de seguidores, o engajamento da página já alcança mais de 16 milhões de pessoas todos os dias;
• Em apenas 30 dias, a sua página atingiu mais de 123 milhões de interações, 93 milhões de likes e 1,5 milhões de comentários;
Seja na identidade visual, seja na coerência de seu branding digital, a equipe conseguiu traduzir a Juliette dentro de suas páginas sociais. O seu posicionamento, dentro e fora do programa, condizem com sua personalidade e seu estilo, o que contribuiu para essa união com os usuários da internet.
O que você acha que podemos tirar disso tudo?